Abuso Sexual na Infância - Olhar sob a perspectiva da Criança.
fotografia:
Rafael Carrilho
“O
enfrentamento do abuso sexual que tanto assombra a
infância, almeja prevenir
o máximo possível que as crianças continuem sendo alvo de pessoas
desprovidas de humanidade.
Vamos
considerar a linguagem da criança, olhar sob a perspectiva da
criança, que usam de diversas formas para se comunicar com os
adultos, fala através do seu comportamento, afinal quando nasceu
ninguém nunca a ensinou que tinha que proteger
o corpo de algumas coisas e que existem pessoas más,
o mundo delas é totalmente puro!
Ela
se depara com as violações mesmo sem saber que existe a palavra
“violação de direitos” capaz de achar que tem a ver com
violões. Então a criança mostra sinais através no seu
comportamento. Sofre mudanças emocionais porque dentro de si, algo
foi rompido e arrancado de dentro dela, a inocência linda que a
infância tem.
O
que fazer sem essa inocência?
Os
primeiros pensamentos são: “o que será que eu fiz de errado”,
“sou má”, ‘sou feia” a auto-estima se torna muito baixa e
acredita que não merece nada, algumas se machucam porque o corpo
causou tudo isso, logo esse corpo precisa ser castigado. Punido.
Algumas perdem o sentido da vida, pensam “alguém podia me matar”
seria uma boa solução mesmo sem ter a mínima noção do que seja
morte. Sentimentos que antes ela nunca tinha experimentado vem
rotineiramente: vergonha, tristeza, raiva, medo, nojo, frustração,
desanimo.
As
vezes ela faz xixi na cama, mesmo já tendo 9 anos, e a vergonha a
domina, seus pais acham que ela virou bebe de novo, que está
chamando atenção e acrescentam culpa. As vezes a vergonha é tanta
que precisa se esconder das pessoas, esconder qualquer parte do seu
corpo para que ninguém olhe mais para nada dela, já que não sabe
ao certo porque seu corpo tão frágil provocou aquela situação tão
ruim.
Além
de tudo isso, começa a ter sensações que nunca imaginava sentir,
as vezes pode sentir dor e marcas nas suas partes íntimas, sensação
de prazer que antes nunca havia experimentado chegam de maneira
descontrolada. Algumas meninas acham que essa sensação e os
comportamentos que chamam atenção para suas partes íntimas, deve
ser a maneira que as pessoas vão amá-la e valorizá-la.
Anna
Freud afirma que “no
abuso sexual da criança, esta não pode evitar ficar sexualmente
estimulada e essa experiência rompe desastrosamente a sequência
normal da sua organização sexual. Ela é forçada a um
desenvolvimento fálico ou genital prematuro, enquanto as
necessidades desenvolvimentais legítimas e as correspondentes
expressões mentais são ignoradas e deixadas de lado”
Culpa
ou acusação, jamais podem ser imputadas à criança. É normal que
esta apresente uma conduta sexualizada, pois foi motivada
prematuramente, o que não justifica a violência sexual. Entenda que
não é necessário falar para a criança sobre suas hipóteses, ouça
e acredite nela, identifique o estado emocional da criança. É o que
mais ela precisa agora, ofereça acolhimento, se coloque no lugar da
criança e não do abusador. Quem mais precisa de ajuda é a criança,
não a polícia. Aproveite o momento tão doloroso para se
aproximarem ainda mais. Se forem constados os fatos, você deve pedir
ajuda especializada disponível nas redes públicas de proteção à
criança e ao adolescente.
Antes
que isso tudo aconteça, podemos evitar a aniquilação da infância,
protegendo com amor! Se esforce em dialogar olhando nos olhos, se
abaixe ao nível da criança quando quiser que ela te ouça com o
coração. Fale na linguagem dela sem agredir seu desenvolvimento.
Perceba então, a complexidade do tema em loco e a necessidade de um
maior preparo dos profissionais que trabalham na rede de atendimento
a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Humanização
e empatia nos atendimentos públicos, ensino para prevenção nas
escolas, sensibilidade e conscientização em toda sociedade.
Você
já foi criança um dia, já brincou muito, e pensou que o mundo era
colorido e sempre seria divertido, você também já foi adolescente
e deve se lembrar quantos conflitos passamos nessa fase até
descobrir quem somos, lembre-se disso ao se encontrar com uma criança
e um adolescente.
Lembramos
que é dever da família, da sociedade e do estado JUNTOS garantirem
os direitos da criança e do adolescente. Se comprometa com essa
missão essencial para a vida, temos a semente de todos os
sentimentos dentro de nós. A questão é qual você rega! O amor é
a melhor forma de proteção.”
Viviane
Vaz
Psicanalista, Missiologa, Escritora,
Coordenadora do Projeto NOVA
vivi.vaz@gmail.com
Psicanalista, Missiologa, Escritora,
Coordenadora do Projeto NOVA
vivi.vaz@gmail.com
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